A Caminho da Alemanha, Manga comprou, no aeroporto de Barajas, em Madri, um rádio de pilha por 180 dólares. Ao chegar ao hotel, em Frankfurt, ligou o rádio e ficou girando nervosamente o botão, e cada vez mais impaciente. Garrincha, seu companheiro de quarto, quis saber o que estava acontecendo.
- Não consigo pegar nenhuma estação nossa. Ele fala coisa que não entendo – disse Manga.
Malandramente, Garrincha pediu que ele procurasse entre os acessórios do rádio, um pequeno botão, que, introduzido num orifício ao lado, faria com que o rádio falasse português. Manga revirou a caixa do rádio e nada encontrou. Desesperado, achando que fora enganado, ia atirando o rádio pela janela, quando Garrincha ofereceu:
-Dou 20 dólares por ele, agora.
Manga tratou de vender logo e todo contente foi espalhar para os companheiros:
-Finalmente enganei aquele torto. Vendi para ele um rádio com defeito, que só fala língua de gringo.
(Causo também atribuído a Garrincha)
* * *
Ao sair de um treino do Botafogo, Manga esbarrou num sujeito gago, que lhe perguntou:
-Po-pode me in-for-for-mar onde fi-fica a es-co-co-la de gagos?
Mais por ingenuidade do que por maldade, Manguinha respondeu:
-Meu amigo, você não precisa de escola, já gagueja muito bem.
* * *
De passagem pelo Rio, o goleiro manga participou da passeata pelas diretas, “pra depois contar lá no Recife”, e, mostrando o seu desbotado título eleitoral, comentou que, apesar de já ter completado 45 anos, só uma vez votou para Presidente.
-Ainda vivia no Recife.
-E em quem você votou, Manguinha?
-Não sei. me deram um envelope pra meter na urna, quis dar uma olhada no nome, mas o coronel proibiu: disse que eu não podia olhar porque o voto era secreto.
* * *
Depois de se revelar um atento aluno das aulas teóricas na auto-escola em que aprendia a dirigir, Manguinha passou á primeira aula prática. confiante e tranquilo, entrou no carro certo de sua aprovação.
Agora – comandou o instrutor – ligue o motor e saia bem devagarinho.
Manga ligou o motor, abriu a porta e, bem devagarinho, saiu do carro.
* * *
Vendo o centroavanre Radar, do Flamengo, num ponto de ônibus, Manga ofereceu-lhe carona. Iam os dois pelo Aterro, Manguinha pisando fundo, quando uma patrulhinha os fez parar.
- Vou ter que lhe mutar. Você vinha a mais de 100.
-Como é que você sabe?
-O radar dedurou.
-Ah é! – virando-se para Radar- Desce! Saia já do meu carro, seu safado!
- Que é isso, Manga?
-Não viu o que o homem disse? Então eu lhe dou carona para você me entregar! Seu dedo-duro.
* * *
Com o joelho machucado, o goleiro Manga procurou o consultório de um ortopedista. mas, se acertou com o endereço, errou de sala: em vez de entrar na de número 501, do médico, invadiu a 503, de um advogado. ao ser atendido, e sem se dar conta do engano, Manga explicou seu caso:
-Doutor. Estou com um problema no joelho esquerdo.
Surpreso, o advogado retrucou:
-Mas eu só trato de Direito.
Foi a vez de Manga se espantar, levantando-se contrariado:
-Puxa, doutor. Vá ser especializado assim no raio que o parta.
* * *
Na primeira viagem que fez a Portugal, o goleiro Manga sentou-se no restaurante do hotel para almoçar e viu o garçom, com a tradicional gentileza lusitana, perguntando:
-Que deseja vossa excelência comer?
Desacostumado a ser tratado com tanta deferência, Manga resmungou:
-Desculpe, cavalheiro. Sou goleiro. O presidente é aquele ali.
*Esses e outros causos foram contados pelo saudoso jornalista botafoguense, Sandro Moreyra, em seu livro ‘Histórias de Futebol’, publicado em 1998 pela Coleção ‘O Dia’.
Manga é do tempo do "bicho certo" contra o Flamengo.
ResponderExcluir